Troubleshooting em Sólidos: Compressão Direta e o Desafio da Dureza dos Comprimidos
A compressão direta é uma das técnicas mais utilizadas na produção de comprimidos pela sua praticidade e economia de etapas, eliminando a necessidade de granulação. No entanto, sua simplicidade aparente pode esconder desafios técnicos que exigem atenção redobrada no desenvolvimento e na rotina de fabricação. Um dos pontos críticos dessa tecnologia está na fluidez e […]

A compressão direta é uma das técnicas mais utilizadas na produção de comprimidos pela sua praticidade e economia de etapas, eliminando a necessidade de granulação. No entanto, sua simplicidade aparente pode esconder desafios técnicos que exigem atenção redobrada no desenvolvimento e na rotina de fabricação.
Um dos pontos críticos dessa tecnologia está na fluidez e compressibilidade dos pós utilizados. Por isso, ao menor sinal de desvio, uma análise sistemática se faz necessária — e é aí que entra o troubleshooting.
Exemplo prático: Dureza insuficiente e fraturas na blistagem
Durante a produção de um lote de comprimidos por compressão direta, a equipe técnica identificou um desvio: os comprimidos estavam apresentando dureza insuficiente, o que resultava em fraturas frequentes durante o processo de blistagem. Esse tipo de falha não apenas compromete a qualidade do produto final, mas também pode gerar perdas significativas de produção, retrabalho e atraso na liberação do lote.
Investigação: identificando a causa raiz
O foco da investigação foi direcionado às propriedades físicas da mistura de pós. Após uma avaliação criteriosa, chegou-se à causa raiz: umidade excessiva no excipiente diluente, o que afetava a fluidez da mistura e comprometia sua compressibilidade.
Na compressão direta, a fluidez adequada é essencial para o preenchimento uniforme da matriz da compressora. Quando a mistura está úmida, ela tende a formar aglomerados, dificultando esse preenchimento e, por consequência, comprometendo a força de compactação aplicada ao comprimido.
Ações corretivas e preventivas
Para resolver o problema e evitar recorrências, foram adotadas as seguintes medidas:
- Substituição do excipiente por um novo lote, com teor de umidade dentro das especificações ideais.
- Implementação de controle de umidade no armazenamento dos excipientes, com monitoramento periódico para prevenir alterações nas propriedades dos pós.
- Revisão do protocolo de recebimento e amostragem dos insumos, garantindo que apenas materiais com características físico-químicas ideais fossem liberados para uso.
Essas ações não apenas solucionaram o problema de dureza, mas também fortaleceram o controle de qualidade da cadeia de suprimentos.
Por que isso importa?
Esse caso ilustra como fatores aparentemente simples — como a umidade de um excipiente — podem impactar diretamente a performance do comprimido. No contexto da compressão direta, o sucesso da formulação depende de uma combinação precisa de propriedades dos pós: fluidez, compressibilidade, compatibilidade entre os ingredientes e estabilidade.
Investir em uma abordagem sistemática de troubleshooting, com identificação de causa raiz e ações preventivas, é essencial para garantir a robustez dos processos e evitar prejuízos industriais.
Na PD&I Pharma, acreditamos que compartilhar experiências práticas como essa fortalece o conhecimento técnico de profissionais da área e contribui para a melhoria contínua da indústria farmacêutica.